Teresa Fernandes Swiatkiewicz
Teresa Fernandes Swiatkiewicz
Quem somos e o que fazemos depende tanto de nós como das «pessoas que encontramos pelo caminho» — assim se defendia Wisława Szymborska, quando lhe lembravam que fora filiada num partido de má fama.
Neste caso, uma família de professores — a começar pelo bisavô, mestre-escola no Alentejo — deu exemplo tão edificante e inspirador que Teresa, filha mais velha de Maria Paulina e Manuel Leonardo, nunca vislumbrou outra profissão que não fosse a de professora… faltou-lhe a imaginação da irmã Paula que rompendo a tradição decidiu ser engenheira.
Além do gosto pelo ensino do inglês e do convívio com adolescentes, Teresa apreciava ainda o ambiente afável e, muitas vezes, divertido, da sala de professores. Até que um dia, por ser falante de uma língua pouco falada em Portugal, começou a fazer tradução literária do polaco e descobriu que aquela era afinal a sua vocação. Antes de mudar de vida, porém, avaliou como seria a vida na profissão de tradutora — precariedade laboral, honorários baixos e congelados há anos; recibos verdes; indefinição estatutária oscilante entre tradutor-autor e tradutor-prestador de serviços; consequente indefinição fiscal. E seguro de saúde? E reforma? Eram tantas as incógnitas que uma voz interior com sotaque alentejano lhe sussurrou ao ouvido: «Queda-te quieta!»
No dia seguinte, voltou à escola e, com alívio, saudou os alunos: «Good morning, class!».
A tradução continuou a ser o que era — um passatempo maravilhoso.